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Antártida registra temperaturas sem precedentes para esta época do ano. A análise da Berkeley Earth revelou que o continente atingiu em outubro um recorde histórico de temperatura média mensal, um marco que confirma a tendência de aquecimento contínuo mesmo na região mais fria e de clima mais variável do planeta.

Antártida enfrenta temperaturas médias altas recordes e redução da cobertura de gelo | CLAUDIUS THIRIET/BIOSPHOTO/AFP/METSUL

Embora a Antártida seja o continente que esquenta mais lentamente, os dados mostram um avanço claro e consistente, contrariando alegações de que não haveria aquecimento na região.

O recorde térmico ocorre em paralelo a um cenário preocupante de baixa extensão do gelo marinho. Em 17 de setembro de 2025, a Antártida alcançou seu máximo anual de gelo, com 17,81 milhões de km², o terceiro menor valor desde o início dos registros por satélite em 1979.

O número é quase 900 mil km² inferior à média de 1981–2010, reforçando a persistência de fortes anomalias negativas desde 2023. O pico de 2025 também ocorreu seis dias antes da data mediana histórica.

A antecipação do máximo anual é considerada um sinal de mudanças no comportamento do gelo marinho, refletindo alterações no padrão de ventos, na circulação oceânica e no balanço térmico regional.

As perdas foram particularmente intensas nos setores do Oceano Índico e no Mar de Bellingshausen, áreas que vêm apresentando sucessivas anomalias desde o colapso abrupto do gelo em 2023.

COPERNICUS

Com o fim do inverno austral, a extensão voltou a cair rapidamente. Em outubro, o gelo marinho somou 17,5 milhões de km², cerca de 1,1 milhão de km² abaixo da média de 1991–2020, o terceiro menor valor já registrado para esse mês. Apesar de ficar acima dos níveis de 2023 e 2024, o gelo permanece muito abaixo do padrão histórico, consolidando três anos consecutivos de déficits significativos.

BERKELEY EARTH

Os mapas de concentração de gelo mostram contrastes marcantes. O setor do Oceano Índico foi o mais crítico, com cobertura muito abaixo da média, coincidindo com temperaturas do ar extremamente elevadas no Leste da Antártica e recordes de calor oceânico mais ao norte. O Mar de Bellingshausen seguiu a mesma tendência de déficit profundo.

Já áreas do Atlântico Sul, do Pacífico Ocidental e partes do Mar de Amundsen apresentaram concentrações um pouco acima da média, sobretudo ao longo da borda do gelo.

Apesar da grande variabilidade natural do continente, o conjunto de dados recentes aponta para um novo regime do sistema antártico, caracterizado por temperaturas mais altas, gelo marinho mais vulnerável e grande disparidade regional.

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