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Várias bacias do Rio Grande do Sul deve ter condições de cheias e enchente com o episódio de chuva extrema deste começo de mês e a perspectiva de muita chuva ainda por cair | DEFESA CIVIL/ARQUIVO

A MetSul Meteorologia alerta que vários rios que têm nascentes e cortam a Metade Norte do Rio Grande do Sul vão entrar em cotas de cheias e inundações com enchente como resultado dos volumes extremos de chuva que estão sendo registrados na região com marcas que passam de 300 mm em algumas cidades e devem se elevar ainda mais.

Dois grandes rios do Rio Grande do Sul devem ter cheia com enchente nos próximos dias. O Uruguai por conta dos excessivos volumes até agora de 150 mm a 250 mm no Noroeste e no Norte do estado e o Jacuí pelos acumulados de 200 mm a 300 mm até o momento nas regiões do Alto Jacuí e do Planalto Médio. Volumes altos, acima de 100 mm, também estão sendo registrados na bacia do Jacuí mais ao Sul, no Centro do estado, entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre.

Rios que cortam os vales e que possuem nascentes nos Campos de Cima da Serra, como o Caí e o sistema Taquari-Antas, também merecem atenção pelos volumes de 100 mm a 200 mm na área entre São Francisco de Paula e Cambará do Sul. Os acumulados não são tão extremos até agora nas bacias do Caí e do Paranhana, embora os dois rios mereçam atenção.

Vários rios menores que cortam a Metade Norte do Rio Grande do Sul também devem passar por cheia com enchente e inundações. Alguns, na área entre Cruz Alta, Passo Fundo e Marau já começam a sair dos seus leitos nesta segunda pela incapacidade de absorver o grande volume de água registrado nas últimas 24 horas com marcas de 100 mm a 150 mm que se somaram ao que já havia caído na sexta à noite e no sábado.

A MetSul nos últimos vezes antecipava reiteradamente que os efeitos do El Niño começariam a ser sentidos mais a partir do fim do inverno e a primavera, assim um aumento expressivo da chuva no começo de setembro está em linha com o cenário esperado de precipitação e dos impactos do El Niño previsto há vários meses pelos nossos meteorologistas. Nos vários boletins sobre o El Niño, a MetSul alertava para o elevado risco de muitas cheias e enchente neste segundo semestre.

Setembro, tradicionalmente, costuma ser mais chuvoso mais ao Sul do Brasil, mas um evento de precipitação destes primeiros dias do mês pode fazer com que o mês em 2023 seja absurdamente chuvoso com precipitação até muitíssimo acima da média. Algumas cidades da Metade Norte gaúcha devem ter 500 mm a 700 mm neste mês, ou seja, o equivalente ao que chove em toda a primavera ou mesmo metade da média anual de precipitação.

Chuva já passa de 300 mm e causa inundações

Volumes excessivos a excepcionais de chuva atingiram a Metade Norte do Rio Grande do Sul, especialmente entre ontem e o começo do dia de hoje, com marcas que em alguns pontos passam de 300 mm. Há um grande número de cidades do Centro para o Noroeste, Norte e o Nordeste do estado com 100 mm a 250 mm.

Dados de estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que os acumulados de chuva em 72 horas até 9h da manhã desta segunda-feira foram de 260 mm em Passo Fundo, 249 mm em Cruz Alta, 228 mm em Serafina Corrêa, 212 mm em São Luiz Gonzaga, 202 mm em Ibirubá, 181 mm em Palmeira das Missões, 169 mm em Vacaria, 160 mm em Santiago, 150 mm em Soledade, 149 mm em Cambará do Sul, 139 mm em Tupanciretã, 137 mm em Lagoa Vermelha, 133 mm em Santo Augusto, 123 mm em Canela, 113 mm em Santa Rosa, 111 mm em Teutônia e São Borja, 107 mm em São Vicente do Sul, e 102 mm em Santa Maria.

As mesmas estações reportaram nas últimas 24 horas até 9h desta segunda-feira acumulados de 157 mm em Cruz Alta, 154 mm em Passo Fundo, 147 mm em Vacaria, 144 mm em Cambará do Sul, 143 mm Serafina Corrêa, 133 mm em Ibirubá, 123 mm em São Luiz Gonzaga e 100 mm em Soledade.

Já na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), os volumes em 72 horas até 9h desta segunda-feira foram de 307 mm em Passo Fundo, 253 mm em Água Santa, 241 mm em Ijuí, 234 mm em Entre-Ijuís, 203 mm em Vacaria, 167 mm em Serafina Corrêa, 157 mm em Santa Maria e 156 mm em Caxias do Sul.

Os acumulados excessivos de chuva já provocam uma morte no Rio Grande do Sul. Um homem de 41 anos perdeu a vida no município de Mato Castelhano, no Norte gaúcho, na madrugada desta segunda, quando seu veículo foi arrastado pela correnteza. A MetSul havia avertido ainda na semana passada que haveria inundações repentinas e forte correnteza que poderia levar a acidentes fatais.

Várias cidades da Metade Norte do Rio Grande do Sul enfrentam inundações na manhã desta segunda-feira, especialmente no Alto Jacuí, Planalto Médio e na Serra. Há pontos em que as águas subiram muito com forte correnteza, bloqueando rodovias e inundando áreas urbanas e rurais.

Chuva muito acima do normal favorece enchente

A climatologia histórica mostra quão extrema foi a chuva das últimas horas. Algumas cidades tiveram o equivalente a dois meses de chuva em dois dias, ou seja, choveu em 48 horas o que chove em dois terços da primavera inteira que é um período muito chuvoso do ano no estado.

As médias históricas de precipitação para o mês de setembro no Rio Grande do Sul, de acordo com a série histórica 1991-2020, são de 146,6 mm em São Luiz Gonzaga, 162,5 mm em Cruz Alta, 163,1 mm em Caxias do Sul, 165,5 mm em Passo Fundo, 169,9 mm em Bom Jesus e 175,1 mm em Iraí.

Com o que se prevê ainda de chuva para esta semana e o restante deste mês, os acumulados de chuva serão extraordinários e históricos no Rio Grande do Sul com prováveis novas cheias com enchente ainda neste mês. Antecipa-se um significativo impacto para a população em grande número de municípios gaúchos à medida que o fenômeno El Niño se intensifica.

Previsão de mais chuva deve fazer cenário piorar

A previsão a MetSul Meteorologia indica a continuidade da chuva ainda no restante do dia de hoje com precipitações localmente moderadas a fortes que devem agravar a situação nos locais que já passam por inundações. Os volumes de chuva, assim, devem aumentar ainda mais com subida de rios e transbordamento de mais arroios e córregos.

Não bastasse, a MetSul prevê um segundo episódio de chuva volumosa na segunda metade desta semana, entre quinta e sábado, que deve trazer os mais altos acumulados de chuva no Sul e no Oeste gaúcho, mas vai provocar precipitações volumosas também em pontos da Metade Norte, a mais atingida neste momento. O mapa acima, disponível ao assinante (assine aqui), mostra a tendência de chuva para sete dias do modelo europeu a partir das 21h de ontem.

Com o que já choveu e ainda vai chover, a MetSul Meteorologia alerta para risco geológico alto a extremo. Com isso, podem ser esperados deslizamentos de terra em pontos da Metade Norte gaúcha e ainda queda de barreiras que podem afetar a trafegabilidade de diferentes rodovias da região.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água, o que já começa a ocorrer. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados sob perigo de novos acidentes fatais.