Centro de baixa pressão responsável pela chuva extrema em parte do Rio Grande do Sul dá origem hoje a um ciclone extratropical junto à costa gaúcha. O sistema migra de Norte para Sul junto ao litoral e traz vento forte, em média entre 60 km/h a 80 km/h, pro Leste gaúcho. Porto Alegre já teve rajadas ao redor de 70 km/h na madrugada desta quarta-feira.

Com o solo saturado, o vento mesmo fraco a moderado trará mais queda de árvores na Capital e outras cidades, o que terá reflexos no abastecimento de energia.

Chove ainda no começo do dia em todo o Estado, mas com o ciclone avançando para Sul a instabilidade se concentrará no decorrer do dia no Sul e no Leste do Estado, e após majoritariamente no Sul, parando na maioria dos demais municípios.

Pelo Oeste e o Norte ingressará ar seco, o que permitirá aberturas de sol entre nuvens nesta quarta-feira em diferentes localidades, especialmente à tarde. O dia terá frio e baixa sensação induzida pelo vento. 

A MetSul enfatizou em todos os seus alertas que este centro de baixa pressão (ciclone) de agora teria como maior impacto a chuva que o vento. Associados apenas com vento forte por grande parte da população, ciclones costumam produzir grandes volumes de chuva e precipitações quando extremas oferecem maior risco às pessoas e maior impacto em comunidades que o vento, segundo as estatísticas históricas.

Os reflexos do que ocorreu ontem e ainda se dará hoje serão sentidos por muitos dias no Rio Grande do Sul, inclusive na próxima semana. Choveu excessivamente, tal como era alertado pela MetSul, na Metade Norte gaúcha ontem e hoje ainda chove em parte do dia. Os volumes superaram 100 mm em grande número de cidades da Metade Norte com mais de 200 mm em alguns locais, como em Santo Cristo. 

Chuva prevista pelo modelo Icon entre 21h de terça e 21h de quarta

Porto Alegre, até o começo desta quarta-feira, estava perto de acumular 150 mm. Em toda a área metropolitana os acumulados superam com folga 100 mm e estão perto ou acima de 150 mm em alguns pontos. Como segue chovendo, os acumulados definitivos que serão conhecidos hoje devem aumentar.

Rios, arroios e córregos já transbordaram ontem. Em Porto Lucena, carro foi arrastado pela correnteza. Em Panambi, Catuípe, Coronel Bicaco, Guaporé, Santa Rosa, Bom Jesus e outros municípios transbordamentos causaram inundações. Em Timbé do Sul, no Sul Catarinense, pessoas ilhadas foram resgatadas por helicóptero. 

Para a MetSul, o pior virá hoje e nos próximos dias. Todo esse volume de chuva vai escoar para rios, o que trará enchentes e em algumas localidades de grandes proporções. 

A MetSul adverte para uma grave situação de enchentes de diversos rios com nascentes ou que cortam a Metade Norte do Rio Grande do Sul. As cheias em alguns locais devem ser as maiores desde o Super El Niño de 2015/2016.

A chuva volumosa do ciclone bomba da última semana somada a do último domingo e aos elevadíssimos volumes fará com que diversos rios saiam do seu leito. Alguns já começaram a transbordar e outros terão cheia nos próximos dias.

Rios de resposta mais rápida à chuva na Serra que exigem muita atenção no curto prazo são o Caí (região de São Sebastião do Caí), Paranhana, o Antas e o Taquari do baixo ao alto Vale. Nestas bacias, os transbordamentos já tiveram início e a tendência é de agravamento do quadro.

São rios com alto risco de cheias e enchentes, dentre outros, nos próximos dias (bacias são extensas e a vazão em alguns percorre por dias): Uruguai, Jacuí (efeito no Pardo e Pardinho), Caí, Antas, Paranhana, Carreiro, Taquari, Sinos e Gravataí. Todos os contribuintes do Guaíba terão cheia, logo é alto o risco de enchente nas ilhas de Porto Alegre, sobretudo na próxima semana pelo tempo de chegada da vazão.

Alertamos para cenário crítico de deslizamentos de terra e rochas em rodovias (quedas de barreira) e em áreas urbanas (encostas), especialmente na Serra Gaúcha. As condições são muito perigosas e oferecem risco à vida. Mesmo a chuva parando, o risco prossegue tal a instabilidade do solo. 

E, se não bastasse, existem dados indicando chuva no fim de semana para piorar a situação das cheias e dos deslizamentos de terra.