Um centro de baixa pressão que avança pelo Rio Grande do Sul com chuva e trovoadas em algumas localidades dará origem a um ciclone extratropical nesta terça-feira (27) na costa gaúcha, onde a área de baixa pressão vai se aprofundar rapidamente com a gênese de um vórtice (aspecto de rosca) nas imagens de satélite.

Esta área de baixa pressão já está em processo de aprofundamento que se intensificará na noite desta segunda-feira (26) sobre a região de Porto Alegre e o Nordeste gaúcho com a queda da pressão atmosférica na Capital e região metropolitana para valores ao redor de 1.002 hPa a 1.004 hPa.

Por isso, com a interação da baixa pressão com ar mais quente e úmido, há risco de chuva localmente forte e temporais isolados na noite desta segunda-feira e ainda na madrugada de terça em pontos da Metade Leste gaúcha. Alguns dados, saliente-se não todos, indicam a possibilidade de chuva localmente forte a ocasionalmente torrencial na parte Norte da Lagoa dos Patos, região de Porto Alegre e Litoral Norte entre a noite desta segunda e o começo da terça, o que exige atenção.

Ao longo da terça, o ciclone se organiza e seu centro de baixa pressão se intensifica com a queda da pressão mínima central para valores ao redor de 990 hPa junto à costa do Rio Grande do Sul. O sistema vai permanecer por várias horas quase estacionário, a Leste-Sudeste do Sul gaúcho, antes de começar a perder intensidade e se afastar na quarta-feira. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas, das 9h de hoje até 9h de quarta-feira.

As áreas de chuva mais forte devem se afastar para o oceano durante esta terça, mas a circulação de umidade do ciclone traz nuvens e chance de chuva para pontos do Leste e do Sul do Rio Grande do Sul. Como é comum em circulação ciclônica, formam-se nuvens isoladas de maior desenvolvimento vertical capazes de provocar pancadas fortes passageiras e localizadas, às vezes até com granizo.

O eixo da baixa na costa do Rio Grande do Sul pode dar origem a uma faixa de nuvens mais carregadas durante a terça, sobretudo à tarde, que poderia alcançar o Leste de Santa Catarina e do Paraná, e o Sul e o Leste do estado de São Paulo, com pancadas de chuva localmente fortes e temporais isolados pelo ar mais quente nestas regiões.

Dada a natureza deste sistema, o que se denomina de “baixa fria”, não se pode descartar que ocorra a formação de nuvens do tipo funil ou trombas d’água (tornados sobre água) nas áreas das lagoas e na costa do Rio Grande do Sul.

O vento esperado não chega a ser intenso e deve ser fraco a moderado em quase todo o Rio Grande do Sul. No Sul e no Leste do Estado, o vento será por vezes moderados e sujeito a rajadas ocasionais. O Litoral Sul e o Sul gaúcho, em especial, podem ter vento com maior intensidade de 50 km/h a 70 km/h. O mar deve ficar agitado na costa gaúcha.

Sempre que a palavra ciclone é ouvida, muitas pessoas se assustam. É crucial, porém, enfatizar que este tipo de sistema é muito comum na nossa região. Este que se formará nesta terça não é do tipo “bomba” porque não passará por uma ciclogênese explosiva (aprofundamento de ao menos 24 hPa em 24 horas), como se verificou na tempestade dos dias 30 de junho e 1 de julho deste ano.

O que este sistema terá de diferente será o seu posicionamento muito perto da costa e no litoral do Rio Grande do Sul, quando a maioria dos ciclones se forma mais ao Sul, na foz do Rio da Prata e no litoral da Argentina. Às vezes, entretanto, ocorre deste tipo de sistema se formar muito perto do território gaúcho.