O mês de abril começou com a região do Oceano Pacífico Equatorial em condições de neutralidade, ou seja, sem a presença dos fenômenos El Niño e La Niña em suas formas clássicas, conforme os dados analisados pela MetSul Meteorologia. Na costa da América do Sul, porém, está em andamento um evento de El Niño costeiro.

NOAA
Surpreendentemente, a agência de tempo e clima dos Estados Unidos segue informando a presença da La Niña, embora seus dados mostrem por sete semanas consecutivas que a anomalia de temperatura do mar não atinge os níveis mínimos para a configuração de La Niña.
Conforme o mais recente boletim da NOAA, publicado nesta semana, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste – região do oceano usada para designar se há El Niño ou La Niña – está em 0,2ºC, ou seja, na faixa de neutralidade (-0,4ºC a 1,4ºC).
A última vez em que esta parte do Pacífico esteve com anomalias de temperatura do mar em patamar de La Niña foi no informe semanal de 5 de fevereiro, ou seja, há dois meses, o que torna incompreensível a afirmação da NOAA de que persistem as condições de La Niña.
Embora oficialmente o quadro seja de neutralidade, perto da costa da América do Sul, as águas superficiais no Pacífico Equatorial junto aos litorais do Peru e do Equador, região que é denominada de Niño 1+2, seguem mais quentes do que a média.
Trata-se do chamado El Niño costeiro, que não deve ser confundido com a forma clássica do El Niño. O aquecimento desta parte do Pacífico tem efeitos muito mais limitados globalmente, mas no Peru e no Equador costuma provocar muita chuva e temperatura acima do normal.
Os últimos dias, aliás, registraram vários episódios de chuva intensas e tempestades no Peru e Equador com novas inundações na região peruana de Piura e temporal com raios e chuva forte em Guaiaquil, no Equador.
Neutralidade não é normalidade no clima
A tendência para o outono é que as condições permaneçam neutras, embora em parte da estação com anomalias positivas de temperatura da superfície do mar sem que seja caracterizado um evento clássico de El Niño e em outra parte com anomalias negativas, sem que seja caracterizado um evento de La Niña.
Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Assim, tanto na precipitação como na temperatura os sinais podem ser mistos no decorrer da estação.
No caso de 2025, a partir das projeções dos modelos, o sinal de precipitação para a maior parte do Sul do Brasil neste outono tem características mais de La Niña com chuva abaixo da média enquanto na temperatura o sinal é mais de El Niño com frequência de frio abaixo do habitual.
Tendência para os próximos meses
Conforme a mais recente atualização mensal da NOAA, publicada poucos dias atrás, para o trimestre climatológico de outono de 2025, que compreende os meses de março a maio, as estimativas são 19% de La Niña, 81% de neutralidade e 0% de El Niño.

NWS
Para o trimestre abril a junho de 2025, os valores informados foram 22% de La Niña, 77% de neutralidade e 1% de El Niño. No trimestre de maio a julho, 24% de Niña, 72% de neutralidade e 4% de Niño. Já no trimestre de junho a agosto, o de inverno, 29% de probabilidade de Niña, 62% de neutralidade e 9% de Niño.
Por sua vez, no trimestre de julho a setembro, 33% de probabilidade de Niña, 55% de neutralidade e 12% de Niño. No trimestre de agosto a outubro, 38% de La Niña, 49% de neutro e 13% de El Niño.
No trimestre de primavera, de setembro a novembro, a NOAA projeta hoje probabilidades de 40% de Niña, 46% de neutralidade e 14% de Niño. Finalmente, no último trimestre do ano, de outubro a dezembro, as probabilidades são de 42% de La Niña, 42% de neutro e 16% de El Niño.
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