
O famigerado AI-5 dos militares golpistas dava poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendia diversas garantias constitucionais, dentre elas direitos políticos e de reunião, e até mesmo o recurso de habeas corpus, a última defesa do cidadão na preservação da sua liberdade. Era inaugurada a fase mais cruel da ditadura militar brasileira, os chamados “anos de chumbo”. No dia 14 de dezembro de 1968, a temperatura ficou longe dos 38ºC previstos na previsão de protesto. A máxima naquele dia em Brasília foi de 27,2ºC, mas o ar estava, de fato, irrespirável e a atmosfera sufocante.
O pequeno e histórico texto da previsão do tempo de protesto carregado de metáforas na capa do Jornal do Brasil publicado em dezembro de 1968 acabou por inspirar o título de um livro lançado em 2008 pela PUC-Rio sobre o período mais cruel do período de exceção. A obra “Tempo negro, 
O dia do golpe militar foi ameno em Brasília que teve uma jornada de condições meteorológicas típicas para a época do ano, em que as pancadas de chuva ainda são frequentes e as marcas geralmente amenas por conta da instabilidade. A mínima foi de 17,8ºC e a máxima de 25,0ºC na estação do Instituto Nacional de Meteorologia da então nova capital federal. Já em Porto Alegre, aquela jornada de ruptura foi fria para o começo do ano. A mínima em 31 de março de 1964 foi de 12,9ºC e a máxima atingiu apenas 21,2ºC na estação meteorológica do bairro Farropupilha em jornada que teve sol por conta de massa de ar seco e frio de alta pressão. Que as nuvens escuras do totalitarismo jamais retornem e o sol da democracia possa sempre brilhar no céu do nosso amado Brasil.

