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Um ciclone extratropical vai se formar entre esta sexta (7) e o sábado (8) no Rio Grande do Sul e vai trazer uma onda de tempestades, chuva localmente forte a intensa e ainda ventos muito fortes que podem ter como consequências danos estruturais, cortes de energia e outros transtornos para a população.

O mapa acima mostra a projeção de trajetória da baixa pressão que vai dar origem a um ciclone extratropical e que tende a se aprofundar muito sobre o Rio Grande do Sul ao longo da sexta com valores de pressão atmosférica abaixo de 1000 hPa, que estimamos devem ficar entre 997 hPa e 1000 hPa entre a Metade Norte gaúcha e o Sul de Santa Catarina.

Embora não sejam raros, valores de pressão em superfície sobre o continente não são comuns no Sul do Brasil e costumam acompanhar sistemas de tempestade que têm como maior risco a ocorrência de vento.

Enfatizamos que os modelos numéricos não apresentam ainda um consenso sobre a trajetória do ciclone, entretanto o nosso entendimento é que o centro da baixa pressão ingressará pelo Noroeste gaúcho na manhã desta sexta, estará sobre a Grande Porto Alegre na noite de sexta-feira e muito perto da costa sobre o mar junto ao Litoral Norte gaúcho e o Litoral de Santa Catarina entre a madrugada e a manhã de sábado.

É fundamental esclarecer, para a melhor compreensão do mapa de previsão de trajetória do sistema, que o vento e os fenômenos severos associados ao ciclone não se limitarão às áreas por onda passará o sistema de baixa pressão (ciclone).

Os campos de vento de ciclones extratropicais podem se estender por várias centenas ou milhares de quilômetros, assim temporais e vento forte ocorrerão em áreas distantes dos pontos por onde passará o centro do ciclone entre esta sexta-feira e o sábado.

A tendência é que o ciclone extratropical se afaste de terra gradualmente no decorrer do sábado, especialmente da tarde para a noite do sábado, com projeção de estar já distante do continente no final do dia.

Amanhã é o dia mais crítico para chuva forte e temporais

Tal como a MetSul Meteorologia vem alertando, esta sexta-feira será o dia mais crítico para a ocorrência de chuva forte a intensa e temporais, alguns localmente fortes e até severos de vento e granizo, pela ciclogênese (formação do ciclone) sobre o Grande do Sul.

À medida que a baixa pressão ingressa e se aprofunda no Rio Grande do Sul, nuvens de grande desenvolvimento vertical vão se formar. A atmosfera já estará instável com chuva em pontos mais a Oeste do estado na madrugada e tomará conta, intensificando-se, no decorrer do dia.

As regiões que mais devem ser afetadas são o Oeste, o Centro e a Metade Norte, no caso do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, a tendência é de chuva com maiores volumes da tarde para a noite, embora já possa chover antes.

Os mapas a seguir mostram as projeções de chuva e pressão atmosférica do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) para a madrugada, manhã, tarde e noite desta sexta-feira. Este e outros modelos com projeções de chuva podem ser consultados em nossa seção de mapas (basta clicar aqui para ter acesso).

METSUL

Preocupa muito o indicativo de que no processo de ciclogênese vai se formar um potente e perigosa linha de instabilidade (squall line) a partir da tarde desta sexta no Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul. A linha vai se intensificar com múltiplas células de tempestade ao avançar por Santa Catarina e o Paraná na tarde e noite desta sexta, atingindo São Paulo até o fim do dia.

METSUL

Estas são as áreas com maior risco de tempo severo com chuva que será localmente forte a intensa e altíssima probabilidade de temporais. Advertimos que o maior risco com o deslocamento desta linha de instabilidade serão vendavais que pode ser em alguns pontos severos e destrutivos com rajadas ao redor e acima de 100 km/h, mas que isoladamente podem atingir velocidades até maiores com riscos de fenômenos severos muito isolados de vento como microexplosões e tornados.

No sábado, por sua vez, a instabilidade forte influenciada pelo ciclone no oceano afetará com temporais vários pontos das regiões Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil com chuva localmente forte e tempestades isoladas de vento e granizo, algumas severas. No Rio Grande do Sul, circulação de umidade ciclônica trará muitas nuvens com chuva e vento, mas os volumes devem ser inferiores ao da sexta na maioria dos locais.

Vento ciclônico atingirá do Sul ao Sudeste do Brasil com risco de estragos

É preciso separar vento forte causado por tempestades severas que tende a ser violento e de curta duração como qualquer temporal com vento causado por ciclone que sopra forte a muito forte por horas seguidas.

A ciclogenese trará vendavais de curta duração e alguns muito intensos no Sul do Brasil e São Paulo entre a tarde de sexta e a madrugada de sábado. Já os ventos ciclônicos que sopram por horas afetarão áreas do Leste e o Nordeste do Rio Grande do Sul ao litoral do Sudeste do Brasil no final da sexta e durante o sábado, conforme a área.

O mapa a seguir mostra a tendência de vento máximo previsto até 21h de sábado do modelo de alta resolução WRF-ECMWF da MetSul e que inclui tanto o vento associado a temporais que é de curta duração como o vento pelo ciclone que sopra por horas.

METSUL

No Rio Grande do Sul, o ciclone vai trazer vento de 50 km/h a 80 km/h na maioria das cidades gaúchas, mas que, isoladamente, podem ser superiores. A MetSul segue indicando que o vento mais forte no território gaúcho se daria entre o Centro-Norte da Lagoa dos Patos e arredores, Porto Alegre, Sul da Região Metropolitana e entre os Litorais Médio e Norte (Mostardas a Torres).

Em Porto Alegre, as rajadas devem ficar entre 60 km/h e 80 km/h na maior parte da cidade, mas pela topografia (prédios e relevo) podem ocorrer rajadas superiores. Mais ao Sul da capital e perto do setor Norte da Lagoa dos Patos, rajadas de 80 km/h a 100 km/h com possibilidade de marcas localizadas superiores, o que se prevê também para o Litoral Médio (Mostardas a Pinhal e Palmares do Sul). No Litoral Norte, rajadas de 80 km/h a 100 km/h, mas que em alguns pontos podem passar de 100 km/h.

METSUL

Assim, por ventos ciclônicos, os municípios de maior risco de ventania forte a intensa incluem Tapes, Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul, Guaíba, Viamão, Porto Alegre, Mostardas, Palmares do Sul, Tavares, Balneário Pinhal, Cidreira, Osório, Tramandaí, Imbé, Xangri-lá, Capão da Canoa, Arroio do Sal e Torres.

O campo de vento muito forte vai se estender ainda ao Leste de Santa Catarina com rajadas de 70 km/h a 90 km/h, mas que em pontos da costa podem ficar entre 100 km/h e 120 km/h. Isso inclui as regiões de Criciúma, Laguna, Garopaba, Balneário Camboriú, Itapema, Penha e Itajaí. O vento deve ser mais forte de Florianópolis para o Sul na costa enquanto no Litoral Norte catarinense as rajadas tendem a ser menos intensas. Em Florianópolis, a ilha deve ter muito mais vento com rajadas perto e acima de 100 km/h em pontos mais ao Leste e ao Sul da ilha de Santa Catarina. Deve ventar ainda muito forte em trechos da Serra com rajadas perto e acima de 100 km/h, como nas áreas de Bom Jardim da Serra e Rancho Queimado.

METSUL

No Paraná, os efeitos do ciclone serão mais sentidos por vendavais por tempestades, mas o litoral paranaense pode anotar vento ciclônico com rajadas, em média de 50 km/h a 70 km/h.

METSUL

O estado de São Paulo terá vento forte a intenso tanto por conta de temporais isolados como por vento ciclônico de mais longa duração na costa. Vários pontos do litoral paulista devem ter rajadas de 70 km/h a 90 km/h, mas ante o relevo acidentado da costa e ilhas haverá locais com rajadas possivelmente ao redor e acima de 100 km/h. Pode ventar muito forte durante o sábado na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo com rajadas de 60 km/h a 80 km/h, mas que em alguns locais podem ser mais fortes.

Rajadas fortes de 60 km/h a 80 km/h, mas isoladamente superiores, podem afetar ainda os litorais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, mas não devem ser tão fortes quanto na costa do Sul e do litoral de São Paulo. Até o Sul da Bahia pode ter rajadas por vezes fortes devido à influência do ciclone.

Probabilidade de danos e falta de luz

Sob o cenário, o vento pode provocar danos estruturais como destelhamentos, quedas de árvores e postes e cortes de energia elétrica nos três estados do Sul e em São Paulo. Os maiores impactos devem se dar na Região Sul, embora se preveja consequências também no território paulista.

Vento e temporais devem causar cortes de luz em várias regiões gaúchas. Na área da RGE, os cortes de eletricidade devem se dar mais em consequência de temporais e raios. Na área da CEEE Equatorial, que será mais afetada por ter Porto Alegre e o litoral em sua área de concessão, as interrupções serão mais consequência do vento forte por horas do ciclone entre o final da sexta e a manhã de sábado.

Problemas de cortes de energia por vento ciclônico e tempestades fortes a severas vão atingir ainda a área da CELESC em Santa Catarina, da COPEL no estado do Paraná e ainda distribuidoras de São Paulo, como a ENEL.

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