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A primavera, que começa às 15h19 desta segunda-feira (22), deverá ter temperatura acima da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil. A chuva retorna a todo o Sudeste e o Centro-Oeste do país com o fim da temporada seca de outono e inverno.

Maior umidade e aumento da temperatura trazem episódios de temporais mais frequentes no Brasil a partir da primavera com chuva localmente forte, raios, vendavais e granizo | GABRIEL ZAPAROLLI

Com o retorno da umidade para o Brasil Central, não apenas a chuva aumenta no país como a frequência de temporais de raios, vento e granizo em estados do Sul, Sudeste e o Centro-Oeste.

As estações do ano são fenômenos naturais e ocorrem por causa da inclinação do eixo da Terra em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol. O instante exato do início de uma estação do ano é determinado por uma posição específica da Terra em sua órbita.

O instante do equinócio de setembro é aquele em que o Sol cruza o equador celeste, que é a extensão do equador terrestre, indo de Norte para Sul. No Hemisfério Sul é o equinócio de primavera e no Hemisfério Norte é o equinócio de outono. As estações do ano são marcadas pela maneira como os raios solares incidem nos hemisférios.

Além da temperatura, um dos efeitos que evidenciam as estações é a variação dos comprimentos dos dias, ou seja, a quantidade de tempo que o Sol fica acima do horizonte.

No início da primavera, os dias terão aproximadamente a mesma duração das noites, e no Hemisfério Sul, os dias vão ficando cada vez maiores e as noites cada vez menores, até o dia com maior presença do Sol no ano, que ocorre no início do verão, que em 2025 será em 21 de dezembro às 12h03 (hora de Brasília).

Primavera com Pacifico em resfriamento

A estação vai transcorrer com o Oceano Pacífico Equatorial mais frio do que a média com chance de instalação de condições de La Niña, o resfriamento anômalo das águas do Pacífico com impactos no clima do Brasil e do mundo.

Neste momento, as condições no Pacífico Equatorial oficialmente pela NOAA ainda são de neutralidade, ou seja, sem a presença de El Niño ou La Niña, diferentemente de 2023, quando nesta época do ano as condições eram de El Niño e forte, favorecendo enchentes catastróficas no Rio Grande do Sul.

De acordo com a atualização do meio de setembro da Universidade de Columbia, as probabilidades para o trimestre de setembro a novembro, da primavera, são de 56% de La Niña, 44% de neutralidade e 0% de El Niño. Já para o trimestre de outubro a dezembro, as probabilidades são de 60% de La Niña, 39% de neutralidade e 1% de El Niño.

Nesse sentido, o entendimento da MetSul é que não haverá a declaração pela NOAA (agência de clima dos Estados Unidos) de um evento de La Niña no curto prazo, não no que resta deste mês de setembro e no começo de outubro. Se a La Niña se formar, o evento será declarado em meados de outubro ou só no mês de novembro.

Chuva na estação

Há uma mudança no regime de chuva no Centro-Sul do Brasil na primavera. No Centro do Brasil, a estação seca que tem seu auge no inverno chega ao fim e a chuva começa a se tornar mais frequente à medida que a estação avança com maior influência de ar tropical quente e úmido.

A cidade de São Paulo, por exemplo, tem média histórica de chuva de apenas 83,3 mm em setembro na estação do Mirante de Santana e de 143,9 mm em novembro. Goiânia tem média histórica de precipitação de 44,3 mm em setembro e de 219,6 mm no mês de novembro. Brasília tem média de chuva de 38,1 mm em setembro e de 253,1 mm em novembro.

Já mais ao Sul do Brasil, onde na maior parte da região não existe uma temporada seca, com chuva mais regular ao longo do ano, a primavera é historicamente marcada por episódios de chuva excessiva, mesmo com o Pacífico em neutralidade ou em fase fria (Niña). Esses eventos ocorrem com maior frequência e intensidade sob El Niño, mas não deixam de acontecer com o Pacífico nas demais fases (neutra e fria).

Na segunda metade da estação, a chuva passa a ocorrer também pela combinação de calor e umidade, a famosa chuva de verão, especialmente de novembro em diante, o que não ocorre na maior parte do ano em que as precipitações são dependentes de sistemas de grande escala como frentes fria, frentes quentes e áreas de baixa pressão no Sul do Brasil.

Neste trimestre de primavera, a tendência é de chuva irregular. Espera-se uma grande variabilidade das precipitações de cidade para cidade na distribuição da chuva com tendência de volumes abaixo da média histórica no trimestre na maior parte do Centro-Sul do Brasil. Isso vai significar que dentro de um mesmo estado haja áreas com chuva acima a abaixo da média na estação.

Projeção de anomalia de precipitação do modelo climático norte-americano CFS para outubro no Centro-Sul do Brasil. O mapa é ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Projeção de anomalia de precipitação do modelo climático norte-americano CFS para novembro no Centro-Sul do Brasil. O mapa é ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Projeção de anomalia de precipitação do modelo climático norte-americano CFS para dezembro no Centro-Sul do Brasil. O mapa é ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

Embora os modelos, em geral, apontem quase todo o Sul do Brasil com chuva abaixo da média na estação, acreditamos que haverá áreas na estação com chuva acima da média na estação por episódios curtos de precipitação mais volumosa. A tendência é de a irregularidade da chuva no Sul se acentuar entre novembro e dezembro, o que pode trazer algum impacto na agricultura, sobretudo na cultura do milho.

Os primeiros sinais da estação chuvosa devem começar a aparecer agora no começo da primavera no Centro-Oeste e no Sudeste com um episódio de instabilidade por uma frente fria que vai levar chuva a locais que não registram precipitação há meses. Será, contudo, em outubro que a chuva tende a se tornar gradualmente mais frequente no Centro do Brasil.

Em áreas do Mato Grosso, Goiás e de Minas Gerais, embora já volte a chover gradualmente, as precipitações tendem a aumentar consideravelmente na segunda metade da primavera com risco de excesso de chuva principalmente em Minas Gerais em direção ao fim do ano.

Primavera significa aumento de temporais

A MetSul destaca que a primavera é o período no ano no Sul do Brasil com maior frequência de tempestades, não raro severas com intensos vendavais e granizo, mas a frequência e intensidade dos temporais varia a cada ano.

São comuns sistemas convectivos de mesoescala, grandes aglomerados de nuvens carregadas, que se formam no Nordeste da Argentina e no Paraguai que depois avançam para o Sul do Brasil ou Mato Grosso do Sul, especialmente a partir de meados dos meses de outubro e novembro.

Neste ano, com o Pacífico Leste mais frio do que o normal, a MetSul avalia que a frequência de tempestades não será tão alta como se estivéssemos sob El Niño, caso de 2023, mas quando os temporais ocorrerem podem ser muito fortes pelo maior contraste térmico entre massas de ar frio e quente.

Por isso, episódios de vendavais intensos e destrutivos localizados não necessariamente serão frequentes, mas quando ocorrerem podem ser severos. Os tornados mais graves dos últimos 20 anos na primavera no Rio Grande do Sul se deram na maioria sob La Niña ou Pacífico mais frio que a média, caso de outubro de 2000 em Viamão (RS).

Enfatizamos que, por tendências históricas, o risco de granizo é especialmente mais elevado quando o Oceano Pacífico está frio ou sob La Niña, como é o caso da primavera deste ano, e, assim, há risco de temporais pontuais com granizo mais intensos nesta estação.

Temperatura na primavera

Como estação de transição para o verão, na primavera aumenta a frequência de dias de calor e diminui os de frio. O começo da estação ainda tem características mais amenas e até com frio em alguns dias mais ao Sul, ao passo que o final já tem padrão típico de verão.

Os dias de calor no Sul aumentam, especialmente entre novembro e dezembro, quando algumas jornadas são muito quentes com possibilidade de ondas de calor e marcas perto ou acima de 40ºC. No Centro-Oeste do Brasil, ao contrário, à medida que começa a estação chuvosa, sobretudo entre novembro e dezembro, diminuem os dias de calor excessivo.

Projeção de anomalia de temperatura do modelo climático ensemble NMME norte-americano e canadense para o trimestre setembro a novembro no Centro-Sul do Brasil. O mapa é ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul | METSUL

A tendência é de uma primavera sem grandes desvios da média de temperatura na maior parte do Centro-Sul do Brasil. O Norte da Região Sul, o Mato Grosso do Sul e o interior de São Paulo apresentam maior probabilidade de temperatura acima da média durante a estação. Chuva mais frequente no Mato Grosso e em Minas Gerais pode levar as marcas para valores próximos da climatologia e em alguns pontos até abaixo.

No Rio Grande do Sul, a tendência é de uma primavera com temperatura perto ou pouco acima da média histórica. Massas de ar frio ainda alcançam a região, mas com frequência cada vez menor e episódios cada vez mais curtos de temperatura baixa. Por outro lado, o ingresso de ar quente se torna cada vez mais comum, aumentando os dias de calor, em especial a partir de novembro. Alguns dias de calor intenso já ocorrem em outubro, mas tendem a ser mais recorrentes em novembro e principalmente em dezembro.

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