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Guaíba voltou a subir com forte vento do quadrante Sul e tornou a alagar áreas da cidade que já tinham secado | ANSELMO CUNHA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O nível do Guaíba recuou um pouco nas últimas horas e agora se encontra estável depois de atingir o pico do segundo repique na noite de ontem com o forte vento do quadrante Sul que causou uma elevação de cerca de meio metro das águas.

De acordo com dados da régua da TideSat, que tem os números mais perto da realidade do Cais Central, ponto de referência histórico para as enchentes de Porto Alegre, o nível chegou no máximo deste segundo repique a cerca de 3,60 metros e no começo da tarde deste sábado encontrava-se em 3,49 metros, cerca de meio metro acima da cota de transbordamento no piso do cais.

O vento Sul forte foi consequência de um centro de baixa pressão atmosférica que atuava a Leste do Rio Grande do Sul e acompanhava o ingresso de uma forte massa de ar frio de origem polar no estado.

O nível do segundo repique, embora muito abaixo dos valores da enchente de 1941 (4,76 metros) e do começo deste mês (mais de 5 metros com valor exato ainda por ser determinado), superou as cotas máximas das duas maiores enchentes além de 1941 que se tinha registro até o último mês: novembro de 2023 (3,46 metros) e 1873 (3,50 metros).

Com a elevação do Guaíba acentuada ontem, as águas subiram em vários pontos de Porto Alegre, do Sul ao Norte da capital. Áreas do Centro Histórico da capital, que já tinham secado, como a Siqueira Campos e o Mercado Público, voltaram a ter água. A MetSul observou também uma pequena elevação no Quarto Distrito.

Com as ondas fortes geradas pelo intenso vento Sul, a rápida elevação alagou outra vez pontos de Porto Alegre expostos ao Guaíba e desprotegidos pelo sistema de contenção de cheias, como bairros da zona Sul, de Ipanema ao Lami.

O vento segue soprando do quadrante Sul no restante deste sábado e ainda em parte do domingo, porém com intensidade mais fraca que não sustenta uma maior elevação do nível do Guaíba.

Por outro lado, há o componente vazão que manterá o nível muito elevado. Choveu muito no final da semana na bacia do Jacuí, que é o principal rio contribuinte do Guaíba, com quase 200 mm no Vale do Rio Pardo (meio da bacia) e entre 80 mm e 130 mm nas nascentes no Norte do estado. O Jacuí subia em Rio Pardo neste sábado.

O Caí, que desemboca no Guaíba, atingiu um pico de 10,64 metros às 6h de hoje em São Sebastião do Caí, entretanto começou a recua lentamente durante a manhã. Não é uma grande cheia porque não choveu excessivamente na Serra.

Justamente por isso, o Taquari não subiu muito. Estava nesta manhã com 14 metros em Estrela. Se houvesse uma grande cheia do Taquari a situação em Porto Alegre seria ainda mais dramática.

O Sinos, outro rio que também acaba no Guaíba, sobe no vale e estava em 4,76 metros no começo da tarde deste sábado, contudo não é uma cheia grande por não ter chovido muito nas nascentes. O Gravataí, que igualmente desagua no Guaíba, estava elevado e estável com 5,40 metros neste sábado na régua de Gravataí.

Diante deste cenário, o Guaíba não apenas vai se manter muito alto por dias como a cheia não terminará tão cedo, devendo-se prolongar pelo mês de junho com áreas ainda inundadas em Porto Alegre no próximo mês. A água permanecerá nas ilhas da capital ainda por semanas, uma vez que a região registra alagamentos a partir de 2 metros.

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