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Episódio do fenômeno El Niño de 2023-2024 favoreceu várias enchentes históricas no Rio Grande do Sul e a maior da história de Porto Alegre | GIULIAN SERAFIM/PMPA

Acabou o El Niño. Agora é oficial. As condições, como a MetSul Meteorologia já havia publicado, não eram mais de El Niño há algumas semanas. Hoje, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, oficializou o fim do evento de El Niño de 2023-2024.

Com isso, o Oceano Pacífico está em fase de neutralidade, o que significa que não há a presença nem do fenômeno El Niño e tampouco da La Niña. A mudança de fase no Pacífico ocorre após meses de águas muito aquecidas na faixa equatorial com aquecimento que se iniciou no outono do ano passado.

Maior vilão, mas não o único do excesso de chuva do ano passado e deste outono no Rio Grande do Sul, com grandes enchentes, o episódio do El Niño de 2023-2024 foi um dos mais fortes das últimas décadas e teve início em junho passado.

No seu pico, na primavera do ano passado, a anomalia da temperatura da superfície do mar chegou a 2,1ºC em novembro no Pacífico Equatorial Centro-Leste, em patamar de Super El Niño.

A mudança na atmosfera vai levar ainda algum tempo, uma vez que a atmosfera da Terra ainda responde por algum tempo às condições de El Niño que prevaleceram durante os últimos meses. Assim, o fim do El Niño não significa uma mudança imediata do padrão atmosférico global.

O El Niño trouxe meses de chuva acima a muitíssimo acima da média com grandes enchentes em setembro, novembro e agora em maio.

Historicamente, o fenômeno causa chuva extrema e inundações no território gaúcho nos meses de primavera do ano do seu início (2023) e no outono do ano seguinte (2024).

NOAA

De acordo com o último boletim semanal da NOAA, divulgado hoje, a anomalia de temperatura da superfície do mar está em +0,1ºC no Pacífico Equatorial Centro-Leste, que é usada oficialmente para definir se há El Niño ou La Niña. O valor está na faixa de neutralidade.

Nas costas do Peru e do Equador, na chamada região Niño 1+2, a temperatura do mar está 0,5ºC abaixo de média, em claro sinal da La Niña vindo.

O que vem agora?

A tendência é que no restante de junho e em parte do inverno as águas do Pacífico Equatorial se resfriem mais com neutralidade (sem El Niño ou La Niña) de curta duração. No decorrer do inverno, a La Niña deve ser declarada, possivelmente entre julho e agosto.

CPC/NOAA

Conforme a mais recente estimativa do Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA, atualizada hoje, para o trimestre de inverno de junho a agosto, há 1% de probabilidade de El Niño, 60% de neutralidade e 39% de La Niña.

No trimestre de julho a setembro, a probabilidade estimada é de 1% de El Niño, 34% de neutralidade e 65% de La Niña. Já no trimestre de agosto a outubro, 1% de El Niño, 24% de neutro e 75% de La Niña.

No trimestre de primavera, entre setembro e novembro, 1% de El Niño, 18% de neutro e 81% de La Niña. No trimestre de verão, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, também 1% de El Niño, 18% de neutralidade e 81% de La Niña.

O que é o fenômeno La Niña

O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a La Niña esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.

No Brasil, os efeitos do La Niña variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Além da chuva, a La Niña também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.

Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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