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Chuva volumosa entre os dias 15 e 20 pode causar novas cheias de rios, mas volumes de precipitação projetados não apontam para cenário tão extremo como do fim de abril e do começo de maio | NELSON ALMEIDA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A MetSul Meteorologia alerta que a chegada de uma frente fria ao Rio Grande do Sul no fim de semana vai dar início a um longo período de instabilidade com chuva que terá volumes elevados e mesmo excessivos em parte do estado entre os dias 15 e 20 deste mês.

Uma vez que o Rio Grande do Sul ainda enfrenta as consequência do grande desastre do fim de abril e de maio, o cenário de chuva obviamente traz preocupação com grande quantidade de lixo e entulhos ainda nas ruas, redes de esgotos comprometidas e rios que estão assoreados.

O cenário que levará a este episódio de chuva volumosa no Rio Grande do Sul guarda semelhança com o do fim de abril e o começo de maio na condição sinótica em que um bloqueio atmosférico associado a uma massa de ar seco e quente no Centro do Brasil impede o avanço da instabilidade, que permanece por dias seguidos sobre o território gaúcho.

Apesar disso, embora altos a muito altos, os volumes de chuva projetados entre os dias 15 e 20 deste mês não são tão extremos como os ocorridos no final de abril e no começo de maio, o que tem feito que a MetSul reiteradamente enfatize que não é uma repetição do fim de abril e o início de maio.

Este episódio de chuva, felizmente, ocorre na sequência de uma primeira metade de junho de precipitação muito abaixo da média no estado, o que permitiu que os rios voltassem a cotas perto da normalidade.

A exceção fica por conta do Guaíba e da Lagoa dos Patos que seguem altos, embora distantes do pico da cheia em maio. No caso do Guaíba, são mais de três metros abaixo do pico e mais de um metro abaixo da cota de transbordamento.

Outro dado positivo é que o tempo segue firme hoje e amanhã com sol e calor. Nesta quinta, sol e nuvens altas com mais uma tarde muito quente para esta época do ano em que as máximas passam dos 30ºC em algumas cidades.

Amanhã, o sol aparece com parcial nebulosidade em todo o estado e o dia será por demais quente para junho com máximas acima de 30ºC em muitas cidades. Será o dia mais quente da semana na Grande Porto Alegre com 31ºC a 33ºC em pleno junho. No final do dia, o tempo começa a mudar com chuva pelo extremo Sul, na região do Chuí e Santa Vitória do Palmar.

No sábado, a frente fria acompanhada de área de baixa pressão avança pelo estado. Embora o sol chegue a aparecer com nuvens em diferentes pontos, a nebulosidade aumenta e a chuva que atinge desde cedo o Sul gaúcho avança e alcança no decorrer do dia a maioria das localidades. Na maior parte do estado, porém, os volumes na maioria das cidades não devem ser altos.

No domingo, o tempo segue instável no Rio Grande do Sul. Chove ainda na maior parte do estado e as precipitações serão mais fortes, inclusive com volumes altos, perto e acima de 50 mm, em pontos do Centro para o Norte do estado, mas com acumulados localmente superiores. Será o dia com chuva mais volumosa no fim de semana.

Problema não é o domingo e sim vários dias seguidos de chuva

Há uma enorme preocupação da população e mesmos das autoridades sobre o que pode ocorrer no domingo, como se um desastre fosse iminente, mas não é a chuva de apenas um dia que nos preocupa mais.

Sim, pode chover forte em parte do estado durante o domingo, mas os acumulados de precipitação não serão suficientes para fazer que rios que enfrentaram cheias venham a transbordar com novas enchentes.

O risco no domingo em algumas cidades é o registro de alagamentos com acúmulo de água nas ruas, especialmente com a rede de esgotos tomada de lixo e areia, mas nem o Guaíba nem os principais rios do estado como Taquari, Sinos, Jacuí e outros sairão do leito pela chuva do domingo.

O problema é que a chuva não se limita ao fim de semana e prossegue na semana que vem. Todos os dias da próxima semana têm chance de chuva no estado, o que não significa choverá em todas as cidades gaúchas todos os dias da semana que vem.

Os mapas a seguir mostram as projeções de chuva acumulada em 24 horas até às 21h do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) para todos os dias entre sábado (15/6) e a sexta-feira (21/6).

Projeção de chuva do modelo europeu para 15/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 16/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 17/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 18/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 19/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 20/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 21/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Projeção de chuva do modelo europeu para 22/6 | ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

Assim, será a persistência da instabilidade com chuva por dias que vai levar a volumes altos a excessivos entre os dias 15 e 20 deste mês, o que acabará provocando a elevação de níveis de rios com possibilidade de cheias e ainda causará transtornos em diferentes cidades.

Chuva de vários dias trará volumes altos a excessivos

Os volumes de chuva projetados para os próximos dez dias no Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina são altos e excessivos em algumas localidades, de acordo com todas as projeções dos modelos.

Os mais altos acumulados de precipitação são indicados pelas simulações dos modelos para a Metade Norte do Rio Grande do Sul e o Oeste do estado de Santa Catarina, com possibilidade de 200 mm ou mais em alguns pontos.

Os mapas a seguir mostram as projeções de chuva para dez dias a partir da rodada da 0Z de hoje dos modelos da NOAA dos Estados Unidos (GFS), da Enviromental Canada (CMC) e do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

ECMWF/METSUL METEOROLOGIA

ENVIROMENTAL CANADA/METSUL METEOROLOGIA

NCEP/NOAA/METSUL METEOROLOGIA

Como se observa, os maiores volumes de chuva tendem a se concentrar na Metade Norte gaúcha e no Oeste de Santa Catarina, embora possa chover com altos volumes também em pontos da Metade Sul do Rio Grande do Sul. Na Metade Norte, muitas áreas terão de 100 mm a 200 mm na soma de dez dias, mas com acumulados pontuais de 200 mm a 300 mm ou mais.

Sublinhamos que, sob bloqueio atmosférico, o cenário de chuva pode sofrer alterações e que os mapas oferecem o panorama de chuva do dia de hoje. Assim, recomenda-se ficar atento às atualizações. Além disso, destacamos que na última semana do mês deve voltar a chover no estado, assim que os acumulados em 15 dias também serão elevados.

Risco de cheias, mas menos graves que em maio

Sob o cenário de chuva que se projeta para dez dias, inevitavelmente os níveis dos rios vão subir e alguns podem atingir cotas de inundação durante a segunda metade de junho. A Metade Norte tem as nascentes de diversos rios e somente os registros de chuva à medida que as precipitações vão ocorrendo permitirão saber quais são os de maior risco de cheia.

Mesmo assim, com base nos que os modelos indicam, rios como Uruguai, Taquari, Caí, Sinos, Gravataí e Camaquã exigem atenção especial porque suas bacias estão situadas entre as áreas que mais devem ter chuva nos próximos dez dias.

Ocorrendo as cheias, elas não devem ser tão graves como as ocorridas em maio porque os volumes projetados de chuva são muito inferiores aos observados no fim de abril e no começo de maio, quando em diferentes cidades do Centro, Norte e Nordeste gaúcho chegou a chover mais de 500 mm em sete dias.

ENVIRONMENTAL CANADA/METSUL METEOROLOGIA

ENVIRONMENTAL CANADA/METSUL METEOROLOGIA

Veja acima a comparação da projeção de chuva para dez dias do modelo canadense de 25 de abril, que indicava chuva muito superior a de agora, com a projeção do mesmo modelo para dez dias do dia de hoje.

Finalmente, alertamos que a chuva com altos volumes pode afetar uma já seriamente afetada infraestrutura com risco de queda de barreiras em rodovias. Na Serra, ainda há o risco de deslizamentos de terra.

Em síntese, (1) o Rio Grande do Sul terá um novo episódio de chuva volumosa, (2), a chuva pode provocar transtornos e problemas como alagamentos no momento inicial, (3) o episódio de instabilidade será longo e contribuirá para altos acumulados de chuva, (4) os altos volumes podem levar a cheias de rios, e (5) as cheias, ocorrendo, não devem ter a mesma gravidade da ocorrida em maio.

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