Um intenso terremoto atingiu o México no final do domingo. O epicentro do sismo de magnitude 7,0 foi registrado a apenas 17 quilômetros a Sudeste de Acapulco, na costa. O abalo causou ao menos uma morte e provocou desabamentos em prédios, inclusive danificando o hotel do balneário que abrigou a famosa série de televisão Mexicana Chaves.

O tremor foi sentido também na capital mexicana, onde os prédios balançaram e a população correu para as ruas. O grande terremoto de ontem fez com que os mexicanos recordassem o tremor de 19 de setembro de 2017, que deixou 369 mortos no país, a maior parte na capital mexicana.

O que mais chamou atenção, contudo, no terremoto da noite do domingo no México foram os muitos clarões no céu observados durante o terremoto. O céu em Acapulco e na Cidade do México foi sucessivamente iluminado por flashes de luz que mais pareciam uma tempestade elétrica de relâmpagos.

A ciência não tem uma resposta definitiva para clarões que iluminam o céu durante e após um terremoto na zona do abalo sísmico. De acordo com pesquisadores da Universidade de Rutgers, dos Estados Unidos, as luzes aparecem devido a movimentos em camadas do solo que geram cargas elétricas enormes quando acontecem perto de falhas geológicas. São conhecidas como “luzes de terremoto” e vem sendo documentadas por séculos.

Dois dias antes do terremoto de 1906 em San Francisco, por exemplo, um casal enxergou raios de luz no céu. Em 1998, um globo brilhante de luzes rosa e púrpura foi visto 11 dias antes de um terremoto em Quebec, no Canadá.  Também antes do trágico terremoto de 2009 em L’Aquila, na Itália, pessoas testemunharam “chamas de luz” saindo dos paralelepípedos no centro histórico da cidade poucos segundos antes do tremor. Câmeras de segurança também registraram raios de luz durante o terremoto de magnitude 8,0 em Pisco, no Peru, em 2007.

O geólogo Austin Elliot, do U.S. Geological Survey (USGS), o serviço geológico dos Estados Unidos, foi às redes sociais para negar que os clarões de ontem à noite no México foram consequência do que se chama de “luzes de terremoto”. Segundo ele, os flashes no céu foram resultado do impacto do abalo na rede elétrica, assim como se observam clarões esverdeados em episódios de vento intenso como tornados, furacões e vendavais.

“Vamos esclarecer o que estamos vendo: esses flashes azul-esverdeados de fonte pontual são arcos elétricos entre as linhas de distribuição de energia à medida que entram em contato enquanto balançam. Eles causam curto-circuito nas linhas de distribuição e sobrecarregam os transformadores de tensão, causando explosões fortes e brilhantes e desligando a energia. É um fenômeno muito comum em ventos fortes e terremotos, resultado da infraestrutura humana”, escreveu.

“Existem muitos posts chamando essas luzes de terremoto ou outras coisas. O que você está vendo é um fenômeno bem conhecido da rede de energia urbana, não um fenômeno natural inerente ao processo de terremotos.

Embora fenômenos luminosos tenham sido supostamente associados a terremotos desde os tempos pré-elétricos, eles nunca foram documentados de forma consistente, nem registrados de forma convincente, e têm base teórica duvidosa”, enfatizou Ellliot.

No caso dos vários vídeos de ontem do México, o cientista do USGS observou que “neste caso sabemos que as linhas de energia estão circulando por toda a cidade e que podem entrar em contato, causando arcos e explosões de transformadores. Qualquer demonstração de um fenômeno natural precisaria descartar essa causa”, sentenciou.