A passagem do ciclone subtropical Yakecan pelos litorais do Uruguai e do Rio Grande do Sul trouxe muitas imagens impressionantes, mas a espuma que tomou conta da orla do balneário de Punta del, departamento uruguaio de Maldonado, chamou muita atenção durante a terça. A espuma já havia se formado muitas vezes quando da passagem de ciclones ou fortes ventos com ingresso de intensas massas de ar frio, mas desta vez foi maior.

A Ruta 10, que vai de Manantiales a José Ignacio, foi afetada pelas ondas intensas e a Prefeitura de Maldonado chegou a pedir que a circulação fosse evitada. Sobre aquela área, os ventos se aproximaram de 100 km/h, segundo os registros de Inumet. O mar cresceu mais do que o “normal” dada a intensidade do vento e cobriu a faixa de areia.

Uma pessoa foi atingida pela queda de uma árvore e morreu na localidade de Paso de Arena, no Uruguai. Os dados do Instituto Uruguaio de Meteorologia indicaram rajadas de vento de 98 km/h em Rocha e Punta del Este, 87 km/h em Atlântida, 80 km/h em San José, 78 km/h em Florida, 76 km/h em Laguna del Sauce e Durazno, 76 km/h em Colonia e 74 km/h em Montevidéu e Lavalleja.

O Uruguai, pela sua posição geográfica, está acostuma a sofrer com os impactos de ciclones, a maioria esmagadora de natureza extratropical que trazem vento ainda mais intenso que o observado na passagem de Yakecan. O evento mais traumático foi o de agosto de 2005 que deixou uma dezena de mortos e muita destruição pelas rajadas de vento de até 200 km/h no Sul do país.

Imagens compartilhadas por moradores da cidade de Punta del Este e jornalistas de Maldonado mostraram as ondas invadindo a avenida costeira e chegando até às portarias de prédios e edifícios residenciais na orla com inundação. Parte da orla do balneário uruguaio foi tomado pela espuma.

O meteorologista Santayana, chefe de prognósticos do Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet), explicou que o fenômeno da espuma é uma combinação de fatores meteorológicos e biológicos. Segundo os especialistas, alguns compostos orgânicos em decomposição atuam como uma espécie de detergente. Nesse caso, a rebentação das ondas colaborou para misturar o ar com a água com mais facilidade, gerando bolhas.

De acordo com Santayana, as bolhas geradas pela intensa agitação marítima na costa de Maldonado foram agrupadas como espuma marinha em tons de amarelo e laranja, sendo levadas então para a costa do Uruguai pelo vento intenso acima de 100 km/h sobre o mar associado ao ciclone Yakecan.

RICARDO FIGUEREDO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

INTENDENCIA DE MALDONADO/DIVULGAÇÃO

Autoridades do Ministério do Interior do Uruguai confirmaram que os bombeiros atenderam 293 ocorrências, sendo 120 na região metropolitana de Montevidéu. Das 173 intervenções no interior, sendo duas em Lavalleja e as restantes em Maldonado e Rocha, 68 foram inspeções de árvores com possível risco de queda; 59 para cortar árvores; 16 por destelhamentos; 17 por queda de colunas e/ou cabos; e 13 para objetos deslocados.

Depois da passar pela costa uruguaia, o ciclone Yakecan margeou o litoral do Rio Grande do Sul a Norte, deixando como saldo uma morte e estragos em diversos municípios com cerca de 800 mil pessoas sem luz. Houve queda de árvores, destelhamentos e colapso de estruturas. Os danos mais graves se concentraram no Litoral Norte, mas houve estragos na Campanha, no Litoral Sul, na Grande Porto Alegre e na Serra.