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O mês de julho é por natureza mais seco no Brasil Central enquanto mais ao Sul do país costuma ter mais chuva por ser inverno, estação que junto com a primavera traz os mais altos índices de chuva no caso do Rio Grande do Sul. Neste ano, entretanto, onde já é seco foi mais seco que o normal e onde costuma chover mais choveu muito pouco.

Julho teve chuva abaixo a muito abaixo da média em grande parte do território brasileiro com grandes anomalias negativas de precipitação no Sul do pais | CPTEC/Inpe

Ao longo do mês de julho três frentes frias cruzaram o Sul do país, porém de uma forma geral não trouxeram acumulados significativos na grande maioria das áreas e o mês acabou com chuva abaixo da média histórica. No Centro-Oeste e no Sudeste, por sua vez, o período de inverno é climatologicamente um período de pouca chuva e em muitas áreas não choveu uma gota sequer como foi o caso de muitas áreas de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e do Leste do Mato Grosso.

Sob este cenário, as perdas em culturas como o milho segunda safra se agravaram ainda mais e a crise energética do país se aprofundou. A situação é especialmente grave no setor de energia com a piora a cada dia dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas do Centro e do Sul do Brasil.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que o mês de agosto pode ter a pior média mensal de níveis dos reservatórios de toda a série histórica que começou no ano 2000. A previsão do ONS é que os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste alcançarão 21,4% da capacidade. Em 2001, ano em que o país enfrentou uma crise energética que levou ao racionamento de energia, agosto terminou com 23,4% de volume de água dos reservatórios. Em julho, o ONS observou o menor nível de armazenamento médio mensal obtido nas hidroelétricas das duas regiões, com 25,97%. Em 2001, em, julho, o nível médio foi de 26,85%.


Energia natural afluente (ENA) está com valores muito abaixo do que é normal para esta época do ano no Sul do Brasil | ONS/Divulgação

O último boletim IPDO do Operador Nacional do Sistema apontou no subsistema Sul apenas 2.740 MWmed de energia afluente (ENA), valor muitíssimo abaixo do que é normal para esta época do ano, quando o Sul do Brasil costuma receber volumes de chuva elevados com altos índices de energia afluente no submercado. No subsistema do Centro-Oeste e do Sudeste a ENA informada pelo ONS foi de 12.954, um valor também baixo para esta época do ano na região, apesar do desvio da média ser menos expressivo que no caso do Sul.

Mês mais seco do ano até agora em muitas cidades gaúchas

No Rio Grande do Sul, o mês terminou com acumulados abaixo da média histórica em todas as regiões. Os acumulados ficaram, no geral, abaixo de 25 mm em municípios da Metade Oeste e em parte do Norte. Em Caxias do Sul, por exemplo, nos 31 dias de julho choveu apenas 28,8 m, o que corresponde a tão-somente 17 % da média mensal histórica de chuva para o mês, sendo esse o segundo mês com menor acumulado de precipitação de 2021. O mês mais seco foi abril com 13,6 mm. No ano passado, ao contrário, houve excesso de precipitação e julho de 2020 terminou com 399,3 mm pelos ciclones intensos dos dias 30 de junho e de uma semana depois que trouxeram muita água com enchentes.

Em Santa Maria choveu apenas 35,2 mm no último mês, o que corresponde a 25% da média mensal de julho. Neste ano, em abril choveu menos com acumulado mensal de 14,9 mm. Em Cruz Alta, o acumulado mensal foi de 15,8 mm o que corresponde a apenas 11% da média mensal, o menor volume mensal de 2021. A média mensal de julho é de 139,7 mm. Já São Luiz Gonzaga teve em julho um acumulado de 13,3 mm ou 10% do normal histórico para todo o mês. Foi o menor acumulado mensal de 2021 no município. A média histórica de precipitação de julho na cidade das Missões é de 127 mm.

Capitais do Sul tiveram chuva escassa

As três capitais do Sul tiveram um julho de muito pouca chuva. Em Curitiba, a precipitação no mês somou apenas 14,6 mm, o que corresponde a 15% da média mensal do mês de julho. Já em Florianópolis choveu 22,2 mm enquanto que a média mensal é de 99,5 mm. Em Porto Alegre, por fim, o acumulado mensal foi de 44,8 mm ou 32% da média histórica de julho, tendo sido o terceiro mês mais seco de 2021 na capital gaúcha. Julho somente perdeu em escassez de chuva na cidade de Porto Alegre para abril que teve 26,4 mm e fevereiro com 30,4 mm.

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