Anúncios

Ciclone vai se formar na costa brasileira e tende a percorrer uma trajetória atípica no Atlântico Sul. O sistema deverá ser responsável ainda por chuva excessiva com uma condição perigosa para inundações em alguns estados. Será o principal fenômeno meteorológico a influenciar o tempo no Brasil nesta semana.

Um centro de baixa pressão começa a se aprofundar na costa do Rio de Janeiro na terça-feira (7) e na sequência deve mover-se para Sul pelo Oceano Atlântico.

Modelos numéricos divergem sobre a trajetória, entretanto os mais confiáveis projetam que à medida que o sistema avança para o Sul em mar aberto tende a gradualmente a mover-se para Oeste, em direção à costa do Sul do Brasil.


Esse movimento seria forçado pela presença de um centro de alta pressão sobre o Atlântico no litoral da Argentina e que forçaria a área de baixa pressão a rumar para Oeste.

Há situações incomuns porque ciclones não costumam se formar na costa do Sudeste. A maioria dos ciclones costuma se originar no litoral da Argentina e junto ao Uruguai, logo em latitudes muito mais meridionais.

Às vezes, os ciclones se formam no litoral do Rio Grande do Sul e depois rumam para Leste ou Sul. Outro aspecto incomum é a tendência apresentada pelos modelos de o sistema começar uma trajetória para Oeste, aproximando-se da costa do Sul do Brasil no final da semana.

Nenhum modelo indica um ciclone intenso. A baixa pressão em seu momento inicial teria ao redor de 1010 hPa na costa do Rio de Janeiro e ao se aproximar do Sul do Brasil no final desta semana teria em torno de 1003 hPa.

Ontem, alguns modelos indicavam baixa mais profunda com 997 hPa na costa do Rio Grande do Sul com o centro do sistema mais próximo do litoral. Tais mudanças são comuns em projeções de modelos de trajetória e intensidade de sistemas de baixa pressão, devendo-se esperar mudanças adicionais nas simulações computadorizadas.

Impactos do ciclone serão maiores no Sudeste com chuva excessiva

Quando se pensa em ciclone, logo se associa vento. O sistema desta semana não deverá ser um grande produtor de vento forte, exceto no oceano, mas oferece perigo no continente e grave risco meteorológico em algumas áreas. A maior preocupação concentra-se no Sudeste do Brasil.

A área de baixa pressão que vai dar origem ao ciclone no mar deve trazer chuva localmente forte entre parte de São Paulo, Rio de Janeiro e o Sul de Minas Gerais nesta segunda-feira (6). Os acumulados em alguns pontos podem superar 50 mm com risco de temporais.

Na terça (7), com a baixa aprofundando-se na costa do Rio, pode chover localmente forte no litoral paulista e com volumes muito altos entre o Norte fluminense, o Centro, o Norte e o Leste de Minas Gerais, e principalmente no Espírito Santo.

Na quarta (8) a chuva seguiria forte a intensa no Norte de Minas Gerais e no Espírito Santo com volumes altos nos limites da Bahia com os dois estados.

Na quinta (9), as mesmas regiões seguiriam com chuva forte a intensa em diferentes pontos e acumulados diários isolados acima de 100 mm. Na sexta (10), o quadro pouco se altera no posicionamento das áreas de chuva mais volumosa.

A sequência de dias com chuva em altos volumes trará uma situação de perigo em parte do Sudeste do Brasil. Como se observa acima, na projeção de chuva para sete dias do modelo Icon alemão, disponível ao assinante na seção de mapas, a chuva será excessiva em parte do Sudeste. Volumes muito altos são esperados principalmente entre o Norte de Minas Gerais e o Espírito Santo.

Os volumes nestas áreas podem facilmente superar os 200 mm nos próximos sete dias com registros isolados mesmo acima de 300 mm. Sob este cenário de precipitação, será alto o risco de inundações repentinas e por transbordamento de rios, além de alagamentos por chuva forte e possibilidade de deslizamentos em encostas. O Norte do Rio de Janeiro, o Centro-Leste de Minas Gerais e o Oeste e Sul do Bahia também podem ter transtornos em consequência de alguns períodos de chuva forte.

Como o ciclone afetará o tempo no Sul do Brasil

Em princípio, conforme os mais recentes dados, o ciclone no oceano não traria tempo severo no Sul do Brasil. Até ontem, modelos indicavam que o sistema poderia se aproximar da costa e gerar chuva localmente forte no final da semana no Leste gaúcho.

O fato de o sistema estar na altura do litoral gaúcho, mesmo não perto da costa, no final da semana, deve injetar ar seco pelo Oeste, prolongando o período de chuva escassa com reflexos negativos na agricultura.

Como os dados podem e devem mudar, é importante ficar atento aos prognósticos durante os próximos dias para modificações possíveis de cenários.

Anúncios